Não é possível que a vida me tenha trazido até aqui para
depois me abandonar sem me ensinar o caminho de volta.
Entrego-me às palavras
dos poetas que sabem escrever o que eu não sei sentir… e bebo de um trago todos
os poemas que me afogam nesta dor a que me acostumo, e que começa a fazer parte
de mim. Estranho destino que me leva para ela como um porto seguro, e me faz
acreditar que é reconfortante, de tanto que dói.
O fado adormece todos os sentimentos que me provoca esta
nova morada, e as lágrimas que me provoca lavam-me a alma, como se tudo fosse
arrastado pela corrente dos meus olhos, para um lugar onde não esqueço e não
mais sentirei.
O amanhecer volta a invadir-me de todas as coisas que não
fiz, não vivi, não disse… e de novo, a sede volta aos meus lábios que anseiam
saciar-se nos teus, como naquele sonho de onde acabo de vir, e percebo que
voltei ao início da estrada que anda em círculos e de onde não consigo sair.
Se conseguisse, ao menos, odiar-te, se conseguisse, ao
menos, querer-te longe… mas não quero e não consigo... Faltas-me, falto-me, não
me chego, assim, vazio de alma e de esperança, neste baloiço que me embala a
vontade e os sentidos…
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