quarta-feira, 20 de junho de 2012

Cartas de amor

Hoje li cartas... cartas de amor.
Daquelas que carregavam toda a expectativa de quem as esperava.
Daquelas que eram recebidas mesmo antes do carteiro tocar.
Daquelas que começavam sempre por "Meu amor".
Daquelas que contavam apenas com as palavras para transportar mar afora todo o amor que unia duas pessoas, e eram a única forma de encurtar a saudade.
Daquelas que se perfumavam para que, no fim de as ler, a pessoa a quem se destinavam pudesse prendê-las no peito, fechar os olhos, e sentir o outro mais perto.
Daquelas que nos deixam sem fôlego, só de as ler.

Eram elas que transportavam a saudade, a angústia, e muitas vezes, o desespero.
Eram elas que consolavam quem as escrevia na certeza de que chegariam ao seu destino, e que seriam lidas num misto de sorrisos e lágrimas, pelo tanto que traziam.

Corriam-me a mim, as lágrimas, por conseguir transportar-me para aqueles momentos de dor, que encontravam no amor que os unia, o único consolo e verdadeiro porto de abrigo que se transformava, no fim, na força de viver.

Percebi que esse amor, sobrevivente, nessas cartas, suportou as dores físicas e mentais provocadas pelo que os afastava.
Percebi, por isso, a força de amar... A capacidade de nos entregarmos ao amor como único refúgio diante do caos.
Percebi como é fácil amar, quando nos privam desse amor, e de tudo o resto.
Reaprendi, uma vez mais, que a vida não faz sentido sem amor.

Ficou-me, porém, a dúvida...
Porque é tão fácil amar na dor, e banalizar o amor quando ele nos é oferecido?

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