Não foi sempre fácil, não foi sempre simples, não foi sempre linear. Mas foi sempre amor. Talvez em alguns momentos tenha sido um amor que não cura e que tenta proteger na direcção que acharam certa, melhor, a que menos sofrimento causava. Mas nunca foi castrador.
Discordamos muitas vezes, mas nunca batemos com a porta definitivamente, discutimos outras tantas, sem nunca perder de vista o essencial: o amor. Fomos, somos e seremos uma família. Fomos, somos e seremos uma unidade, uma sociedade que aprendemos a construir na e com a diferença. E hoje, passados tantos caminhos, tantas opiniões trocadas, tantos assuntos debatidos gozamos, há já algum tempo, o que de melhor o amor pode construir entre nós: o respeito TOTAL pelas opções uns dos outros.
Sou um privilegiado. Tenho uns pais que me aceitam, respeitam e apoiam de forma absolutamente incondicional. Certamente, eu próprio também tive muita dificuldade em ver isto, com esta clareza e, por tê-lo feito mais tarde, só perdi eu por não ter sentido e agradecido há mais tempo este privilégio, este amor, este suporte, este refúgio. Nunca lhes agradecerei demasiado, porque serão sempre poucas as vezes, comparado com tanto que me deram e continuam a dar todos-os-dias.
É, talvez por isto, que lamento que este não seja um privilégio de TODOS os filhos e filhas. Viemos ao mundo para nos amarmos, para nos respeitarmos, e para cuidarmos uns dos outros. Não viemos, certamente, com o propósito de impor gostos, preferências, caminhos e estradas únicas, pela simples razão de que elas não existem. Não há um, há todos. Não é assim, é como sentirmos. Não é errado, é como é. Os filhos não são propriedade, não são um bem. Os filhos, os pais, os avós, os tios, os amigos são pessoas. Individuais. Com personalidade e vontade própria. Com sonhos e ambições tão legítimas como as de qualquer outro pai, mãe, tio, avó, pessoa... Caberá aos pais e mães, dizer aos filhos e filhas o que acham melhor, tanto cabe aos últimos poder escolher, livremente o seu modelo de felicidade. Tenho assistido, mais do que gostaria, em diversas famílias, a modelos impostos, a pressões, a chantagens, a supostas regras que, invariavelmente, conduzem à mágoa, ao ressentimento e, no limite, à infelicidade. E, por isso mesmo, este ano os meus votos de ano novo são um pedido, sincero, de coração, a todos os pais e mães que se permitam a sentir, desta forma incondicional, o amor aos seus filhos. Continuem a cuidar deles, mas permitam que sejam eles a fazer as suas escolhas. Garanto-vos, por experiência própria, que ficarão ainda mais orgulhosos das vossas famílias e do amor que as rege.
2015 foi um ano duro, com vários desafios, momentos bastante complicados. Não consigo imaginar o tormento que teria sido suportar isto sem TODO o AMOR que me rodeou. Obrigado a todos os que estiveram, uma vez mais, de forma inabalável ao meu lado.
Aos meus pais, obrigado por me respeitarem tanto e apoiarem, incondicionalmente, todas as minhas decisões (mesmo aquelas de que discordam profundamente).
Aos meus irmãos, Amo-vos mais do que vos sei dizer.
Ao meu amor, obrigado por me fazeres acreditar.
À minha avó, obrigado não chega, por isso continuarei a homenagear-te todos os dias da minha vida.
Apesar das dores, e dos desafios, sou FELIZ!
E que a vida e o universo nos dêem sempre uma maior capacidade de amar.
Amem-se, incondicionalmente, por favor!
Feliz 2016. Feliz vida.