sábado, 28 de setembro de 2013

Amar para sentir

Tive, na dor dos mais profundos versos dos poetas, as mais belas lágrimas, os mais belos momentos da vida que em mim correu.
Tive, na amargura, desejos de profundidade, sonhos de conquistas, sede de sorrisos..

Vivi e saboreei as lágrimas, o sal dessa dor que vinha visitar-me sem convite, que me sobressaltava e se apoderava de cada gesto, cada grito, cada passo.

Não se esgotam, nem se esgotem as vielas temperadas de profundo conhecimento, de verdade e de caminho.
Não se esgotem as palavras que os descrevem.
Não se calem as vozes dos que, em nome de todos, cantam o que tantos de nós não sabemos, sequer, sentir.
Não se abram os olhos à profunda perda de os não ouvir.
Não se fechem as mentes dos que ainda entendem a dor adocicada pelos acordes de uma guitarra.
Não se morra em vida por, ainda que felizes, deixarmos de saber viajar na dor alheia.
Amar, mesmo quando dói dá vida, conhecimento e futuro.

Não se deixe, por isso, de sentir...

Espero

Quero voar por cima de ti, quero distinguir-te no meio de tudo e do nada.
Quero a certeza que o pulsar do coração, só ele, nos dá quando sabemos de cor o que é felicidade.
Quero olhar-te com a alma, sorrir-te com o coração, beijar-te com o olhar... profundo, entregue, verdadeiro.
Quero não dizer nada, enquanto o vento nos sopra o rosto e o sol nos ilumina o caminho.
Quero ouvir os segredos que o silêncio tem para nos contar.
Quero pegar-te ao colo e perder o fôlego no uníssono das nossas gargalhadas.
Quero que a vida, e o universo inteiro, entoem cânticos de louvor ao amor que transpiramos.
Quero que tudo seja tão sereno como hoje, tão verdade como sempre.
Quero correr sem me cansar.
Quero chorar sem dor.
Quero o teu abraço de aconchego.
Quero ser o fruto do que construi.
Quero gritar ao mundo: Estou pronto.
Quero-te a ti.

E sei, que ouvirás, um dia, estas palavras.
E sei que também sorrirás com as lágrimas com que te inunda a emoção.

E verei, nesse dia, que és real, que existes desse lado e que caminhas no sentido oposto.. no caminho do encontro.

Até lá, sorrio feliz com estas memórias do futuro.
Não demores, por favor.

Agora sou eu

Choro... Sim, choro e entrego-me à mágoa que sopra este coração apertado, sufocado pela sombra da dor.
Aqui dentro, onde tudo é escuro e vazio, eu sei que não sofrerei mais, eu sei que não doerá mais, porque tudo é dor.
Não me entrego, não me rendo. Vivo este momento de entrega e reencontro, de verdade e reequilíbrio. 
Sangro as dores que me contagiam as lágrimas dos olhos alheios.
Iluminaram-me o caminho, fundaram-me a certeza de que nada está errado quando se trilha o amor e a verdade.
Retribuo-lhe, hoje, de rostos colados, em lágrimas que faço minhas, pela dor que lhe queima a cara e aperta o peito, fazendo com que agarre o seu destino e o escolha, como se dependesse apenas de si... mas não depende.
Não deixo, não quero, não permito! Agarrar-me-ei com todas as forças ao casco desse navioque não deixarei que se afunde e suportarei as suas dores na minha alma, e pagarei com o corpo, se preciso for, para que o brilho volte ao seu rosto.
Cada lágrima que gasta em "vãs" dores são facas, que martirizam este coração que trocariapelo seu se assim ficasse mais feliz.
Chegou a minha vez, agora sou eu, agora assumirei o comando deste barco, agora pegar-te-ei eu ao colo para garantir o teu sorriso, para saber-te em segurança... para AMAR-TE ainda mais, se for possível...

domingo, 23 de junho de 2013

Palavras

Arde-me a voz, dos gritos mudos presos na garganta.
Ardem-me as veias por onde o sangue me queima.
Arde em mim um fogo lento que me desfia e reduz a cinzas.
Ardo imóvel, na inquietude do que sou, e do que serei.

Incendeio o mar que tenta acalmar-me a cada alvorada.
Corro, fugindo de mim, deste fogo, desta realidade que se consome, que arde, que me foge.

Queimo as palavras que não disse, rasgos as cartas que não escrevi, calo os gritos que não dei, bebo o amor que se esgotou, e nele me debruço a observar este reflexo de espera fingida, de incondicionalidade escondida, de transparência opaca, de decisões requentadas e servidas frias, numa obstinada hóstia que me deixa estre trago amargo, queimado, gasto e me arranha a língua para que não se solte por entre o fogo e ganhe a liberdade que não lhe confiro.

Numa travessa, numa esquina, onde o fogo maior me consumir. É lá, sim, que me encontro... Comigo e com as palavras que não leio e não digo para que a vida não lhes sopre e o vento as não leve para onde as possam ouvir... 

sábado, 11 de maio de 2013

Muros

Morri por entre os teus dedos a tentar salvar-te de ti, dos muros que ergues à volta dos fantasmas que te habitam, inconsciente de estares a isolar-te a ti.
Ergues todas as barreiras que as tuas mãos conseguem construir, consumindo o espaço que a vida reservou para outros habitarem, e onde deviam preencher os campos de emoções com que nascemos.
Ocupas-te e preenches-te com esse betão de dúvidas e medos, gritas vitória a cada nova barreira por ti imposta e corres, em círculos, à procura do lugar que tu próprio destróis.
Cada obstáculo é, agora, parte de ti e da descrença que ele te provoca, por ignorares que o criaste. Sofres a dor da desilusão, que aos outros atribuis, e mergulhas nesse vazio resultante da escuridão que construiste, nas paredes de dor que alimentas desapercebidamente.

Morri de cansaço a tentar derrubar o que de nós te roubava e te levava para longe...de ti. E mesmo depois de ver-me imóvel, numa profunda respiração descrente, vi nas as brechas por onde consegui que a luz trespassasse, aquilo que te negas a ver ou entender, na certeza de que essas luminosas estradas te fariam maior que tu mesmo, maior que o amor, maior do que a tua sede de domínio te poderia fazer suportar.

Sei que fecharás as fissuras que quis abrir e, pelas quais, no silêncio da noite quando ninguém te observa nesse mundo só teu espreitas o outro lado do espelho da Alice, em que crês, mas por onde não ousas passar.

Sei que, de mim te sobrarão as memórias gravadas no olhar e naquele lugar especial onde ninguém, nem eu, tem permissão para entrar.
Nesse fundo de ti, onde a luz do sonho reina, lá onde te refugias como se estivesses fora de ti mesmo, recordas-me com a dimensão do amor que desconheces.

Os loucos perguntar-me-ão se valeu a pena, os cépticos rir-se-ão desse amor. Os outros... os outros não me interessam.
O tempo, só o tempo conferirá aos outros aquilo que, privilegiadamente, sei hoje.
E no fim desse tempo, quando nada mais importar, quando o corpo tiver conhecido novas formas, quando todos tiverem já esquecido que questionaram tamanha loucura nós estaremos, perto ou longe, a desafiar a gravidade e as rugas com o maior sorriso que a alma pode sentir... E lá, como hoje, eu saberei que valeu a pena.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Escolho...

Assim me entrego, num rasante vôo de liberdade, às almas dos poetas, do fado, dos recantos desta Lisboa que só esses mensageiros da alma conhecem.
Inspiram-me as suas palavras, confortam-me as vozes de quem as cantam... Cada compasso me despe, cada estrofe me revela, descreve e me expõe à minha própria atenção.
Os sorrisos, as dores, os trilhos que nos são comuns encontram, dentro de mim, o eco das palavras de quem, ainda que sem me conhecer, me lê como só eu próprio... ou, talvez até, melhor...
Fado, sina, destino... Assim se escreve, assim se descreve e canta o propósito de todos e de cada um onde, acredito, cada opção conta, cada passo determina, cada escolha pesa.

Escolho ir, sorrir, querer, desejar, amar...
Escolho viver cercado por toda a liberdade que consiga suportar, por todo o amor que saiba cultivar, por todos quantos queira e saiba preservar...
Escolho querer mais
Escolho entregar-me
Escolho ir além
Escolho sorrir
Escolho e ouso ser feliz

Fado? Sina? Destino? Talvez...! Construído por mim... a cada esquina, a cada nascer do sol, a cada desafio, a cada novo rosto, a cada raio de luz com que a vida me brinde e que recebo com infinita gratidão.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Inocência...

São dias, são horas, são vidas... Vidas que não são minhas, que visto e dispo ao som do relógio que marca o compasso de cada momento, cada episódio, cada sessão por cumprir... Lá me perco, lá me encontro, lá me descubro por entre os momentos em que trago para junto de mim os fantasmas daqueles a quem me empresto e lá onde ninguém mais, além de mim, me ouve, desfruto de todas as viagens que, por protecção ou cobardia, não me permito fazer.
Entrego-me, gozo, ouço atentamente o pulsar daquele sofrimento a que empresto o meu, mesmo quando não o sinto, não o reconheço e não o quero...
Resisto, fujo, finjo, em nome daquilo a que me entreguei e entrego a cada minuto, que respeito com a maior profundidade que me ensinaram a cultivar e é ela, tantas vezes, a maior inimiga que planto e desenvolvo dentro de mim, e à minha volta. Sei que a tenho, que ela existe e teimo em, obstinadamente, em acreditar que não é só minha, e que irá encontrar eco, um dia... que teima em não chegar, que me passa ao lado, talvez, que me entra peito adentro sempre que não é bem vinda, que me assola com a sua presença quando não a quero perto de mim.
Foge-me porém quando, em gritos mudos, espero que me ouça e quero com toda a força do mundo que se intale, me complete e conforte, me adore, que explore e me leve mais longe, me traga os momentos que espero que me ofereça... Expectativas, sempre as expectativas por onde me perco e embebedo... As fasquias que coloco nos outros, aquilo que lhes aguardo, aquilo em que acredito, numa inocência tão infantil quanto imatura, que se mostra invariavelmente grande e pouco ajustada ao que sei, conheço e reconheço em cada olhar, em cada gesto, em cada momento... E assim é, assim será, assim se fez, faz e fará, até que a vida queira, esta história de um pequeno menino, já grande que teima em acreditar, em querer, em desejar e que espera, ainda que duvidando que seja, um dia, possível...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O velho guardião

"L'amour que c'est d'amour ne finit jamais"

Sábias palavras ouvidas ao luar de uma noite quente, entre abraços e suspiros.
Palavras ditas, palradas, pronunciadas sonoramente, mas não saboreadas, não entendidas, não absorvidas...
Disse, e repeti tanto daquilo que me traz o vento, de forma gratuita, sem consciência da preciosidade do que repetia, sem ver com o coração, a pequenez da palavra dita, quando comparada com o que significa...

Vêm, sempre e inevitavelmente, até mim todas essas palavras que um dia disse, como mero registo que se organizou dentro de mim, num pequeno arquivador de memórias de onde seriam, um dia, resgatadas para ganharem vida, profundidade, significado genuíno. E como numa evolução, as letrinhas pequeninas, guardadas, às vezes durante anos, nas pequenas gavetas empoeiradas, ganham a dimensão do seu significado e podem, finalmente, voar...

Lentamente, dentro de mim, as gavetas com recortes de palavras sobrepostas, vão-se arrumando, libertando, dando lugar a outras sonoridades fonéticas cujo significado me será ensinado quando as suas asas tiverem força para as sustentar, e eu as possa ver voar.

É o amor, o fiel guardião das chaves de todos estes recantos que vamos escondendo dentro de nós, que nos obrigamos a não ver, que desejamos ignorar, alimentados pela certeza de que podemos viver felizes se ignorarmos aquilo que, de alguma forma não queremos encarar... Pela mágoa, pelo receio, pelo desconhecimento, ou simplesmente pela decisão de que não querermos voltar às palavras enterradas nas mais profundas incertezas. 

Só o amor, que libertámos do velho arquivador, pode soprar a neblina cinzenta do encarceramento a que sujeitámos todas essas palavras que não entendemos.
Só o amor, é capaz de nos guiar nessa viagem para lá do espelho, para lá do visível, para lá do que controlamos...

Sou feliz por sentir que o velho guardião me visita, uma e outra vez, de forma cada vez mais regular, e me leva às mais altas montanhas, onde os empoeirados papiros se atiram, finalmente, num voo confiante, com sabor de missão cumprida...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

One step closer...

Quero, quero mais, quero tudo, quero o mundo, o universo... Em mim, de mãos dadas, ao meu lado, com a certeza desse bem maior a que chamamos, vulgarmente, de felicidade.
Quero por saber que posso, quero por sentir que mereço, quero porque tenho pressa de viver, de me inspirar, de ir mais além, de me surpreender e superar.
Este é o momento... este sou eu. 
Inteiro, igual a mim, fiel ao que me guia e ilumina um caminho que floresce a cada passo, a cada novo sorriso, a cada piscar de olhos em que, com força sentimos, "sim, eu confio".
"One step closer", "um passo de cada vez", ou "o caminho faz-se caminhando, são lugares comuns e não se tornaram em tal, senão pela força da veracidade que carregam, pela prova de que o caminho é, mesmo, para seguir, confiando, acreditando, persistindo...
Sou grato, muito, à vida, ao universo, a todos os que me fazem aprender, crescer, e que continuarão a fazer-me seguir naquele que é e será o meu caminho.

Quero, quero muito, dias como os de hoje, como os de ontem, de alegrias, de sorrisos, de trabalho, de confiança e certeza...de que eu mereço, de que nada acontece por acaso, de que os obstáculos não servem para nos derrubar mas para nos ensinar.

E sei, hoje um bocadinho mais convictamente, de que eu chegarei onde quiser, até onde me propuser, até onde acreditar que quero e sou capaz de chegar, porque está dentro de mim a força de o fazer, e assim me tem brindado a vida, neste caminho onde os espinhos visíveis se escondem de vergonha frente ao florido dos campos que atravesso e onde me surpreendo infinitamente, a cada pedido, a cada confrontação, a cada "teste" a mim e ao mundo que, antes que dê conta, está superado.

Tenho sede de viver, pressa de sorrir, força de construir tudo o que existe em mim e tem que ser partilhado, vivido, esgotado, com a intensidade de um amor incondicional, a mim e aos outros. Amor que me move e comove sempre que me deparo com o tanto que nos é oferecido, embrulhado na simplicidade dos dias, colorido pelos raios de sol, mesmo quando se escondem por detrás das nuvens.

E quero. Quero mais, quero tudo, quero o mundo... Quero voar, quero ir, quero... 
Porque afinal, desde sempre que defendo, e defenderei, ainda com mais força que "Tenho muito mais a agradecer à vida, do que a reclamar dela.."

E não será este, então, o tão afamado "caminho para a felicidade"?