sábado, 2 de junho de 2012

Até que a vida queira...


Falo, sinto, desabafo e escrevo… Não espero que as minhas palavras ecoem, não sei se quero que as conheças... A elas, e ao tanto que elas carregam, ao tanto que lhes tento transmitir sempre que transbordo tudo o que em mim existe.
Por mais que me esforce, de nada adianta. São sempre poucas, vãs e vazias todas as frases que construo em mim, e partilho comigo ou com os outros. Ninguém, como tu, consegue descrever a imensidão do que em mim se passa.
Em cada palavra, em cada vírgula, em cada frase está latente a vida que acontece em mim. Em cada descrição, em cada momento de dor, em cada mágoa transcrita, em cada lágrima, voltamos a estar juntos, num capítulo em que as personagens se invertem, subvertem e se transformam, mas onde a história se repete. Lá, nessas palavras que se perpetuam em mim e em ti, gritam os sentimentos que partilhamos, o caminho que nos mantém paralelos, a verdade das histórias que nos afastam.
E é esta dor que me provoca todas as dúvidas do universo. Porque temos que sofrer do mesmo amor em vez de o partilharmos e vivermos? Porque temos que caminhar no mesmo sentido, quando sabemos que ele só nos leva à dor e ao sofrimento? Essa dor e esse sofrimento que nos tentam e nos conquistam de uma forma irresistível e onde queremos permanecer como se deles esperássemos algo mais…
Haverão outros, como dizes… Não sei se mais ou menos exclusivos, não sei se mais ou menos especiais, não sei se mais ou menos importantes. Sei, porém, que me levantarei, erguer-me-ei deste inferno onde me fizeste descer, aonde não pertenço, e seguirei, com maior ou menor dificuldade, com mais ou menos lágrimas, com mais ou menos rumo… e é por esse momento que anseio e espero.
Até lá resta-me esperar, sentado em cima desta mágoa que me revisita todas as noites, bebendo as tuas palavras como se fossem minhas, aceitando, quase inerte, a força desta dor que partilhamos, até que a vida queira e eu consiga voltar a ser feliz…

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