quinta-feira, 28 de junho de 2012

Numa terra chamada Felicidade!

Queria partir... para uma terra distante, onde ninguém soubesse o teu nome, onde não houvesse encontro, onde a tua presença não me assaltasse a tranquilidade que tantas vezes quero sentir, e que chego a acreditar que existe em mim.
Queria partir para uma terra que nem sei se existe, se é perto ou longe, ou se está aqui dentro à espera que me mude para lá.
Imagino-a de um azul profundo, com cheiro a mar, e sabor a frutas de mil cores. 
Imagino que lá não há dor, nem medo... As lágrimas são provocadas apenas pelo vento que nos acorda ou pelos sorrisos que nos oferecem.
Era lá que queria viver, era lá que me entregaria à vida sem medo deste deserto que se cultiva e alastra dentro de mim, e que me torna em algo que não conheço e não sei descrever.
É nessa terra distante que penso sempre que sinto longe o fim disto que não sei o que é, e por querer e crer tanto que ela existe, decidi chamar-lhe... Felicidade! É isso, Felicidade é o nome desse lugar mágico, onde nem todos chegarão, mas que é, para os corajosos, o lugar ideal para viver.
É lá que quero chegar um dia.... em breve, espero.
Houve um dia que fechei os olhos com força e consegui lá estar, sentir aquele cheiro.... e foi tão bom....mas... tu também lá estavas.
Fomos acordados pelos primeiros raios de sol, que visitaram o entrelaçado dos nossos corpos. Os teus beijos percorriam o meu pescoço, arrepiando a minha pele. 
Fui impedido de me levantar pelo teu sussurro a dizer "só mais um bocadinho", e pela força com que me prendias a ti... Enrolei os teus braços à minha volta, segurei-os com força e, de corpos colados, continuamos ali embalados pela força de um amor que nos fazia maiores...
Acordámos mais tarde, desta vez com a luz do sorriso que me beijava os lábios e me matava a sede de viver e, de cara colada ficámos a olhar no fundo do que os nossos olhos nos diziam, enrolados num abraço que fez o tempo parar e que fazia corar de inveja os casais mais apaixonados.
Unimo-nos num, fizemos amor, e continuámos a sugar-nos, a olhar-nos, a desejar que aquele momento fosse eterno, e que tudo fosse assim, tão perfeito como aquele momento... ou pelo menos, era assim que todas aquelas emoções vibravam dentro de mim...

Quando abri os olhos já não estavas ali, ao meu lado. Fiquei imóvel, agarrado ao cheiro que perpetuava a tua presença, até ter coragem para me levantar sem a protecção dos teus braços à volta do meu corpo... e percebi que esse lugar desaparecera contigo. Não porque o tenhas levado, mas porque só existe, em mim, contigo...

São precisos os nossos olhos, juntos, colados no mesmo horizonte para que essa terra se aproxime de nós, e nos preencha a alma com as mil cores com que é colorida.
São precisos quatro braços a remar na mesma direcção, com a força de querer chegar mais longe.
São precisas noites em claro, a falar de tudo e de nada.
São precisos dois corpos que se colam e se atraem.
São precisos dois corajosos
São precisas duas vontades

Foi a força do meu querer e não a força com que fechei os olhos que, naquele dia, me levou nesta viagem.
Afinal essa terra existe, e não fui eu que a inventei.
Afinal até já lá estive e foste tu que me levaste até lá.
Afinal está aqui bem perto... mas já não me pertence.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Cartas de amor

Hoje li cartas... cartas de amor.
Daquelas que carregavam toda a expectativa de quem as esperava.
Daquelas que eram recebidas mesmo antes do carteiro tocar.
Daquelas que começavam sempre por "Meu amor".
Daquelas que contavam apenas com as palavras para transportar mar afora todo o amor que unia duas pessoas, e eram a única forma de encurtar a saudade.
Daquelas que se perfumavam para que, no fim de as ler, a pessoa a quem se destinavam pudesse prendê-las no peito, fechar os olhos, e sentir o outro mais perto.
Daquelas que nos deixam sem fôlego, só de as ler.

Eram elas que transportavam a saudade, a angústia, e muitas vezes, o desespero.
Eram elas que consolavam quem as escrevia na certeza de que chegariam ao seu destino, e que seriam lidas num misto de sorrisos e lágrimas, pelo tanto que traziam.

Corriam-me a mim, as lágrimas, por conseguir transportar-me para aqueles momentos de dor, que encontravam no amor que os unia, o único consolo e verdadeiro porto de abrigo que se transformava, no fim, na força de viver.

Percebi que esse amor, sobrevivente, nessas cartas, suportou as dores físicas e mentais provocadas pelo que os afastava.
Percebi, por isso, a força de amar... A capacidade de nos entregarmos ao amor como único refúgio diante do caos.
Percebi como é fácil amar, quando nos privam desse amor, e de tudo o resto.
Reaprendi, uma vez mais, que a vida não faz sentido sem amor.

Ficou-me, porém, a dúvida...
Porque é tão fácil amar na dor, e banalizar o amor quando ele nos é oferecido?

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O amor não morre

Passaram dias de esperança, meses de lágrimas, tempos de espera, e outras tantas estações de frustração e angústia que assumi como eternas no dia em que pensei que desistira.
Para trás ficou a ingenuidade infantil, os sorrisos adolescentes e a cumplicidade que nos fazia tão especiais...
E assim seguimos, lado a lado, da melhor forma que os sofrimentos nos permitiram, construindo vidas e ilusões, casas e moradas, conquistas e derrotas, onde o único denominador comum continuava a ser a distância.
A saudade, essa, deixei de a ouvir quando a afoguei nas lágrimas que se esgotaram na imensidão da força com que acreditei que te tinha perdido para sempre...
E voltaram a passar tempos que não contei, histórias que não vivemos, e outros tantos momentos que a vida me foi oferecendo, onde a tua ausência era já habitual.
A viagem que julguei sem retorno chegou, um dia, ao fim, mas não para mim... A entrega, a cumplicidade, e até o amor que julguei ter morrido contigo nessa terra distante de onde eu não fazia parte, não seriam mais acordados do sono eterno a que os sentenciei. Era difícil ver e acreditar que a pessoa que partiu estava de volta, igual a si mesma, igual a mim e, principalmente tão fiel a nós.
Dúvida, medo, surpresa, foram os meus fieis companheiros nos dias que se seguiram ao fim da viagem, até ao dia em que, assaltado pela descrença, te vi sorrir...a TI, àquela pessoa sincera e transparente de alma pura e coração gigante que perdi de vista muitos anos antes.
E no mesmo instante, sem que pudesse pensar ou conter, o mesmo sorriso de menino toma-me, de assalto, o rosto, com a transparência que só às crianças é permitida.
E como uma onda que, de uma vez só, limpa todas as marcas na areia, volta a mim todo o amor que estava, tão somente, à espera que o libertasse e que o deixasse voar nestes corações que suportaram tudo quanto lhes foi designado, mas nunca desistiram um do outro.
Hoje, cada gesto, cada sorriso, cada valsa, cada lágrima, voltaram a ter o teu nome escrito pelo amor que não quis abandonar-nos, e por isso sou hoje mais feliz...voltou uma parte de mim que julguei esquecida...

AMO-TE MUITO!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

No baloiço dos sonhos


Não é possível que a vida me tenha trazido até aqui para depois me abandonar sem me ensinar o caminho de volta. 
Entrego-me às palavras dos poetas que sabem escrever o que eu não sei sentir… e bebo de um trago todos os poemas que me afogam nesta dor a que me acostumo, e que começa a fazer parte de mim. Estranho destino que me leva para ela como um porto seguro, e me faz acreditar que é reconfortante, de tanto que dói.
O fado adormece todos os sentimentos que me provoca esta nova morada, e as lágrimas que me provoca lavam-me a alma, como se tudo fosse arrastado pela corrente dos meus olhos, para um lugar onde não esqueço e não mais sentirei.
O amanhecer volta a invadir-me de todas as coisas que não fiz, não vivi, não disse… e de novo, a sede volta aos meus lábios que anseiam saciar-se nos teus, como naquele sonho de onde acabo de vir, e percebo que voltei ao início da estrada que anda em círculos e de onde não consigo sair.
Se conseguisse, ao menos, odiar-te, se conseguisse, ao menos, querer-te longe… mas não quero e não consigo... Faltas-me, falto-me, não me chego, assim, vazio de alma e de esperança, neste baloiço que me embala a vontade e os sentidos…

sábado, 2 de junho de 2012

Até que a vida queira...


Falo, sinto, desabafo e escrevo… Não espero que as minhas palavras ecoem, não sei se quero que as conheças... A elas, e ao tanto que elas carregam, ao tanto que lhes tento transmitir sempre que transbordo tudo o que em mim existe.
Por mais que me esforce, de nada adianta. São sempre poucas, vãs e vazias todas as frases que construo em mim, e partilho comigo ou com os outros. Ninguém, como tu, consegue descrever a imensidão do que em mim se passa.
Em cada palavra, em cada vírgula, em cada frase está latente a vida que acontece em mim. Em cada descrição, em cada momento de dor, em cada mágoa transcrita, em cada lágrima, voltamos a estar juntos, num capítulo em que as personagens se invertem, subvertem e se transformam, mas onde a história se repete. Lá, nessas palavras que se perpetuam em mim e em ti, gritam os sentimentos que partilhamos, o caminho que nos mantém paralelos, a verdade das histórias que nos afastam.
E é esta dor que me provoca todas as dúvidas do universo. Porque temos que sofrer do mesmo amor em vez de o partilharmos e vivermos? Porque temos que caminhar no mesmo sentido, quando sabemos que ele só nos leva à dor e ao sofrimento? Essa dor e esse sofrimento que nos tentam e nos conquistam de uma forma irresistível e onde queremos permanecer como se deles esperássemos algo mais…
Haverão outros, como dizes… Não sei se mais ou menos exclusivos, não sei se mais ou menos especiais, não sei se mais ou menos importantes. Sei, porém, que me levantarei, erguer-me-ei deste inferno onde me fizeste descer, aonde não pertenço, e seguirei, com maior ou menor dificuldade, com mais ou menos lágrimas, com mais ou menos rumo… e é por esse momento que anseio e espero.
Até lá resta-me esperar, sentado em cima desta mágoa que me revisita todas as noites, bebendo as tuas palavras como se fossem minhas, aceitando, quase inerte, a força desta dor que partilhamos, até que a vida queira e eu consiga voltar a ser feliz…