Já não sei se é em mim que me perco, ou simplesmente em
todos os caminhos que fiz, sozinho, enquanto deambulava por sonhos e fantasias
que aqui moravam, no meu peito, bem dentro de mim, e estavam reflectidas em
todos os recantos que era capaz de ver, com este olhar obstinado e persistente…
ou talvez demasiado crente, que se foi perdendo, nesta fusão de verdades e
ilusões, mentiras e medos, dúvidas e retrocessos, onde construí os castelos que
quis ver, e vi, erguidos…
Caem agora as primeiras folhas de um Outono menos dourado do
que os costumeiros Outonos que, repetidamente, nos visitam.
Caem as pétalas das flores de mil cores, que as desnudam e as
deixam, envergonhadas e expostas a tudo o que de mais verdade elas contêm.
Caem as lágrimas de chuva nas pontas das folhas resistentes,
das árvores já semi-nuas.
Caem as máscaras que as estações passadas emprestaram às
verdades que escondiam.
Caem os velhos ramos, mortos, que, ficando, castrariam a renovação.
Virão novos… no seu ritmo, no seu ciclo, no seu momento, ou
simplesmente quando assim for.
Voltará, o que das eras passadas restou, a ter novos ramos,
novas folhas, nova vida, novas cores, novos amores, novos apaixonados, novos
sorrisos…
E assim é… no seu tempo, com um propósito, uma razão, com
maior ou menor capacidade de resistir ao frio que nos assola a alma, sempre que
a vida entende ensinar-nos o que tantas vezes não vemos e nos recusamos tão
violentamente a aceitar, que nos renovamos… assentes na velha árvore que nos
sustém, segura e protege para nos oferecer, mais à frente, as novas flores de
mil cores por que tanto esperamos…
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