quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Saudades do futuro

Saudades do futuro esquecido, do rosto perdido, do caminho adiado, da vontade abandonada à sorte e ao vento.

Saudades do futuro construído de sólidas incertezas, de vãos momentos, de rostos, vontades, medos, desejos…

Saudades do condão que entrego à vida, tornando-me escravo dos seus caprichos, criado silencioso das suas vontades, espectador inerte em todos os palcos.

Saudades do futuro que se esgotou, por tê-lo vivido, sentido, concretizado.

Saudades desse desconhecido momento em que deposito tudo o que existe em mim, fora de mim, ao meu redor e me invade, como ar que inspiro e me faz sentir, sorrir, viver…

Não é o passado que me dói, não são as memórias que me revisitam, não são âncoras que me prendem.

Não é do presente que fujo, não é hoje que me aterroriza, não é este agora, ainda que cheio de nada, que me sufoca o grito na garganta.

Não é o desconhecido, nem o escuro, nem a ilusão, nem o medo…

Não é nada, senão o futuro!

O futuro de que me falam, e eu não escuto.
O futuro que sei existir, mas não vejo.
O futuro que creio, mas não sinto.
O futuro… nessa forma de saudade.

2 comentários:

  1. Lindo amigo!!! Há realmente momentos na vida que temos saudade do futuro... assim como descreves-te tão bem! Mas um dia o futuro bate à tua porta!

    VIDA
    Milton Nascimento

    "O amor bateu na porta
    Eu de dentro respondi
    Minha casa é aberta
    Pode entrar, estou aqui
    O rio passava seus peixes
    No fundo do meu quintal
    Meu pai me olhava sorrindo
    Minha mãe e meus irmãos
    O amor bateu de novo
    Eu de novo respondi
    Entre que a casa é sua
    Eu só quero é ser feliz
    A lua trazia no vento
    Meus filhos e minha mulher
    Amigos chegavam dizendo
    Que a vida é isso aí..."

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