segunda-feira, 24 de março de 2014

Tudo (para estar vivo)

Vem devagarinho, abraçar os meus sonhos, espiar a minha alma, ouvir o bater do peito nu que te espera e anseia. Leva-me para longe de mim e voa comigo para dentro de nós. Abre essas asas que me protegem e faz-me acreditar que a chuva não volta, que é seguro sair, que o sol virá visitar-nos e enfrentar, tímido, o brilho dos nossos olhos. Faz-me crer no suor de dois corpos que não descolam, na respiração que se funde, no olhar que nos invade, no sorriso que arrebata, nas borboletas que nos sufocam e inundam a alma com todas as cores.

Não sei pedir pouco, não sei ser pouco, não sou metade, não sou menos do que tudo o que sonho. Quero alcançar a dimensão daquele sonho, o último, o maior, o que me move e arrasta pelas vielas mais estreitas, à sua procura. É por esse que me perco, é por ele que acordo, respiro, vivo e sinto em cada recanto de mim a vontade de o ter, de o viver, de o agarrar com a força do mundo nos meus braços. 

Só assim vale a pena, só assim se vive, só assim sou feliz.
Quero o mundo, talvez! Quero mais, talvez! Quero sempre, talvez! Quero tudo, talvez!
Menos que tudo é quase nada, e quase nada é morrer lentamente inebriado pela ilusão de que algo é nosso.
E ainda que tudo falhe, e eu não o alcance, viverei feliz por persegui-lo e morrerei a sorrir por tê-lo feito. 

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